Miguel acordou com a imagem do menino ainda pulsando em sua mente. O grito. O pedido. Aquilo não era apenas uma manifestação de dor — era uma chave. E ele sabia onde procurar: o antigo orfanato abandonado da cidade, um lugar cercado de histórias soturnas e desaparecimentos.
Ao chegar ao prédio decadente, as portas estavam entreabertas, como se alguém — ou algo — estivesse esperando. O cheiro de mofo e ferrugem se misturava a uma estranha energia no ar, como eletricidade estática.
Nos corredores escuros, Miguel sentiu um sussurro familiar.
— Ele se chamava Elias…
A voz veio de uma parede rachada, atrás da qual Miguel encontrou um quarto antigo. No chão, espalhadas como vestígios de memória, estavam páginas de um caderno infantil. Rabiscos inocentes, desenhos de uma família — mãe, pai, e um menino de cabelos escuros. E ao final, uma frase quase ilegível:
“Ele veio à noite. Disse que eu não seria mais esquecido.”
Miguel entendeu. O espírito-criança fora um órfão chamado Elias, levado pel