O grupo desceu pela fenda como quem mergulha em uma lembrança reprimida. As paredes vivas pulsavam com ecos do que Elisa foi — e do que ainda podia se tornar. Fragmentos de suas memórias tremeluziam nas superfícies como reflexos de um espelho estilhaçado: risos infantis, gritos sufocados, a dor da separação.
Ao alcançarem o fundo, o ar tornou-se espesso, pesado como se o próprio tempo hesitasse em passar. Lá, no centro de um campo de raízes enegrecidas, estava ela — a outra Elisa.
Não mais uma criança. Não mais uma sombra.
Uma figura feminina, pálida e envolta por véus de trevas líquidas, aguardava com olhos que não piscavam. Eles não tinham íris — apenas o vazio.
— Vocês demoraram — disse a voz, múltipla e uníssona, como se cada traço de dor acumulado tivesse encontrado fala.
A Elisa real — a que estava com eles — recuou um passo, assustada. Mas a versão corrompida não atacou. Não ainda.
— Por que me trouxeram aqui? — perguntou Miguel.
— Para escolher — disse a sombra. — Curar ou des