O céu parecia conter a respiração. Em algum lugar entre o tempo e o pressentimento, Miguel observava o mundo com olhos mais atentos. A cidade estava imóvel, como se soubesse que algo estava prestes a acontecer — algo que talvez não pudesse ser desfeito.
No antigo galpão onde haviam montado uma base improvisada, os quatro se preparavam. Léo afiava sua lâmina luminosa, cada golpe contra a pedra criando faíscas breves como pensamentos. Valéria mantinha-se imóvel diante de um espelho quebrado, prendendo os cabelos, como se preparasse o espírito. Mateo organizava talismãs e artefatos recuperados, murmurando encantamentos de proteção.
Miguel, por sua vez, contemplava a fotografia de Elisa — a metade esquecida — agora visível também em seus sonhos. O vazio dentro dela espelhava algo que ele próprio carregava desde sempre.
— Estão prontos? — perguntou, embora soubesse que nunca estariam por completo.
Valéria apenas assentiu. Seus olhos tinham a firmeza de quem já enfrentou abismos.
Léo respir