Mundo de ficçãoIniciar sessãoNa festa do nosso primeiro aniversário de casamento, eu caí no chão — de cara no tapete vermelho, arfando como um peixe fora d’água. Enquanto isso, Carlo Pipino, meu marido, estava com o braço jogado ao redor de Gianna Verde, a paixão de infância dele, bebendo champanhe e rindo. Gianna sabia que eu era alérgica a nozes. Então, obviamente, ela banhou tudo com molho de avelã. Só bastou uma mordida e boom — minha garganta travou, meus pulmões incendiaram, e urticárias estouraram como confete. Fui pegar meus remédios de alergia — e puxei um punhado de M&Ms derretidos. Gianna riu quando viu minha cara. — Surpresa! Carlo trocou seus remédios. Sério, Siena, tudo isso só por causa de uma noz? Dramática demais, não acha não? Eu escorreguei da cadeira, chiando, enquanto a multidão apostava quanto tempo minha performance ia durar. — Carlo... meus remédios... Eu vou morrer. Ele suspirou, irritado. — Deus, como você é dramática. Por que as mulheres sempre fingem que vão morrer por atenção? Você sabe que eu te amo. Só para com esse showzinho. Naquele instante, meu coração quebrou mais rápido do que meus pulmões. Parei de implorar. Acionei o sinal de socorro. E liguei para minha família de verdade.
Ler maisCarlo não assinava os papéis do divórcio. Grande jogada para um cara que já havia perdido tudo. Então a equipe jurídica do meu pai soltou as palavras mágicas — processos, auditorias, talvez até alguns "acidentes". De repente, ele lembrou como segurar uma caneta. Divórcio finalizado. Rápido. Da próxima vez que o vi, parecia um animal atropelado, terno amassado. Seus olhos brilharam ao me ver. Ele avançou, bloqueou meu caminho.— Siena, não vá. — Agarrou meu braço como se isso consertasse algo.— Eu sei que errei. Fui um idiota. Apenas mais uma chance, por favor. Eu não quero a empresa, o dinheiro, nada disso. Eu só quero você. Voltemos, por favor.Ele tentou me abraçar. Enzo se colocou entre nós, empurrando-o para trás. Eu olhei para Carlo. Sem raiva, sem amor. Apenas indiferença pura.— Não há volta. — Disse com a voz mais fria que aço.— No momento em que você escolheu Gianna em vez de mim — no momento em que me viu engasgar, rir enquanto eu implorava por ajuda — foi quando você
Um mês depois… National Business Summit. Onde ternos de poder se exibem mais que marombeiros e fortunas falam mais alto que palavras. E este ano? Suvari Corp dominava os holofotes. Cinco minutos para o início, eu estava nos bastidores sozinha, observando meu reflexo. O vestido preto de grife? Arrasador. Maquiagem? Letal. Meus olhos? Aço. Ela parecia comigo, mas… evoluída. Ainda assim, eu conseguia imaginar a garota do mês passado, sem maquiagem, com um vestido simples, assando torta de maçã.Então veio o baque — eu, engasgando com geleia e traição, estirada no chão pegajoso. Aquele caos construiu esta versão de mim. Exalei e empurrei a porta. O renascimento de Siena Suvari começava agora. Primeira aparição pública como CEO da Família Suvari e, sim, a pressão era insana — mas eu não hesitei. Pisei no palco, e de repente todos os ternos da sala estavam fixos em mim. Sem anotações. Sem roteiro. Apenas eu, apresentando o plano de cinco anos da Suvari Corp para dominação global como se
No dia em que saí do hospital, o clima estava irritantemente perfeito. Vesti um terno branco impecável — alfaiataria afiada — e cortei o cabelo comprido que mantive por causa do Carlo por anos. O corte curto, limpo, parecia como trocar de pele. Enzo, meu assistente, abriu a porta do carro. Assim que entrei, ele já começou o relatório.— Signora Suvari, últimas notícias sobre a Pipino Corp: encerramos oitenta por cento das parcerias deles. Os grandes bancos retiraram os empréstimos. Nosso consigliere prevê falência até o fim da semana.Assenti, olhando a cidade passando pela janela.— E, — ele continuou, — Gianna Verde foi oficialmente acusada por agressão agravada. As provas são sólidas. A propriedade da família foi apreendida pelo governo por evasão fiscal e atividades ilegais. Acabou pra ela— Entendi. — Respondi, com voz firme.…Carlo, por outro lado, vivia o pior momento da vida dele. A empresa dele afundando. Parceiros fugindo como se ele tivesse uma doença contagiosa. Os m
Quando acordei, estava em um quarto privativo elegante no hospital da Suvari Corp, no centro da cidade. Era silencioso, impecável e muito mais chique que qualquer hotel cinco estrelas. O ar tinha um leve cheiro de água sanitária e dinheiro.Minha mão — sim, a que Gianna pisou — tinha sido reconstruída por algum cirurgião VIP e agora estava envolta em um gesso branco perfeito. Minha garganta ardia menos, embora minha voz ainda soasse áspera, como se eu tivesse engolido cascalho. Meu pai estava sentado ao lado da cama. Uma única noite tinha envelhecido ele uns dez anos. Assim que abri os olhos, o rosto dele desmoronou, havia culpa e dor estampadas em cada linha.— Como você está se sentindo? — Ele perguntou segurando minha mão boa. Quente. Firme. Sólido.— Bem melhor, pai. — E, pela primeira vez, era verdade.Aquela festa quase tinha me matado. Um pesadelo literal. Mas agora? Eu finalmente estava acordada. Ainda assim, algo torceu dentro do meu estômago. Eu sabia como meu pai opera
As portas explodiram como cena de filme de ação. Madeira pesada bateu nas paredes, poeira voando. Entrou uma tropa de homens de terno preto — silenciosos, letais e definitivamente não estavam ali para festejar. Risos? Mortos. Música? Sumiu. O salão inteiro congelou como se alguém tivesse apertado pausa. Ninguém precisou perguntar quem era o homem à frente: cinquenta e poucos anos, elegante e ameaçador. Olhos afiados como lâminas. Então ele me viu — caída num canto, ofegando, meio morta. E a máscara polida dele caiu. O que restou? Raiva crua e pânico.Sim. Aquele era meu pai. Don Giovanni Suvari.— Onde está o médico?! — A voz dele sacudiu as paredes.Uma equipe médica correu. Bolsas, máscaras, injeções — um pronto-socorro inteiro sobre rodas.— A senhora Suvari está em choque anafilático! Se chegássemos um minuto depois, ela teria morrido! — Um deles gritou, já enfiando uma agulha no meu braço.Papai caiu de joelhos, tirou o paletó e colocou sobre meu vestido arruinado.— Tranq
Gianna pegou uma fatia de torta.— Ouvi dizer que você mesma fez isso, Siena. Por que não dá uma mordida?Antes que eu pudesse piscar, ela esmagou a torta no meu rosto.A massa estalou. A geleia quente bateu como lava. Entupiu meu nariz, encheu minha boca — eu não conseguia respirar.O pânico rasgou meu peito, arrancando de mim o último fio de força.— Socorro! — Eu engasguei, com a voz despedaçada. — Alguém — ME AJUDA!Finalmente, eles prestaram atenção.Carlo veio marchando, todo falso controle e frieza.— O que está acontecendo aqui?Gianna congelou, vi aquele sorriso arrogante virando falsa preocupação em um piscar.— Meu Deus, Siena! Como você fez tanta bagunça comendo torta? Vem cá, deixa eu te ajudar a limpar.Tentei recuar, mas minhas pernas cederam. Caí bem em cima dela. Ela soltou um grito agudo e despencou no chão.— Siena! Eu estava só tentando ajudar — e você me empurrou?Carlo veio furioso, os olhos faiscando.— Siena, você consegue parar de se humilhar?E
Último capítulo