De repente uma voz macia bateu perto, fez minha cabeça tombar para o lado, a aparência cansada do doutor Almeida rasgou meu peito com um corte fino, profundo, doido.
— David, eu sinto muito…
Enchi a caixa torácica sentindo uma necessidade mortal de respirar.
— Eu sei doutor. O Enzo?
O velho médico coçou a nuca e o ar que estava escasso, se dissipou de vez.
— Entubamos ele, as notícias não são boas, infelizmente…, David. Meu corpo só desceu, fraco, debilitado, escorregou sob a parede e afundou num poço fundo. Perdi meu bebê e estava a um passo de perder o Enzo? Caralho, não havia mais nada inteiro, me transformei em pedaços, restos impossíveis de juntar. Precisava de força, havia duas mulheres que me teriam como pilar, quando eu mal conseguia parar de palpitar com um sentimento doído.
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