Um filme do tipo que Keven adorava começava a aparecer em flashes na tela, quando, de repente, comentei em tom casual: “O protagonista tem o seu estilo.”
— Que patético! — exclamou Keven, os olhos fixos na tela da TV. — É assim que você me enxerga?
Dei de ombros, sem muita cerimônia.
— É... basicamente isso mesmo.
Ele bufou, abraçando o travesseiro como quem tentava conter o desgosto. Depois me ouviu dizer, meio contrariado:
— Mas, se te consola, acho ele bonito.
Virei o rosto na direção dele e vi o jeito como me olhava.
— Acho que você quis dizer que eu sou bonito — corrigiu, dando ênfase no “eu”.
Tentei conter o riso, mordendo os lábios. Neguei com a cabeça, provocando.
— Não, acho que não.
Keven fez um leve biquinho com o lábio inferior, numa tentativa mal disfarçada de dramatizar. Foi o suficiente para me derrubar na cama, gargalhando alto. Quem diria — Keven, o gótico que só veste preto e ama filmes bizarros, fazendo birra como uma criança. Cena rara.
— Eu poderia te sufocar agor