— Confiança, Eliza? — repeti, deixando a palavra pesar no ar. — Essa palavra exige reciprocidade.
Ela me olhou em silêncio por alguns instantes, e naquele olhar havia uma mistura perigosa de desafio e frieza. Era a mesma expressão que sempre me lembrava de quem ela realmente era quando não estávamos entre quatro paredes.
— Nem sei por que perdi meu tempo vindo perguntar algo a você. — ela disse, a voz impecavelmente firme, cortante. — Só preciso estalar os dedos pra descobrir qualquer coisa que acontece aqui.
Ela queria me provocar. Queria me lembrar que, enquanto eu ainda estava tentando reunir respostas, ela tinha pessoas, conexões, olhos e ouvidos espalhados em cada canto.
Inclinei o corpo um pouco para frente, mantendo o tom controlado, mas deixando escapar a ironia.
— Sei que, num estalar de dedos, você consegue bastante coisa.
Eu sabia que aquela frase era mais do que uma constatação. Era um recado velado: eu estava atento. Eu via além do charme, além dos sorrisos estudados, al