Três semanas.
Três semanas desde a última vez que ouvi a voz dela, desde a última mensagem deixada no vácuo, desde o último toque que ela recusou sem dizer uma palavra.
A rotina deveria ter ajudado.
Deveria ter me colocado nos trilhos, me empurrado para longe dela.
Mas cada dia na Walker parecia uma forma diferente de tortura.
O prédio seguia igual: vidro, aço, eficiência.
Eu, não.
Abri a porta da minha sala e a luz branca refletiu direto no meu rosto.
As pastas sobre a mesa estavam intactas — eu tinha lido tudo, mas não absorvido nada.
Era como tentar trabalhar com um incêndio acontecendo alguns metros atrás de mim.
E o nome daquele incêndio era Sophie.
Soltei o paletó sobre a cadeira, passei as mãos no cabelo e encarei a parede à minha frente.
Às vezes, jurava que ela estava ali.
Que ia entrar com aquele jeito firme, delicado e irritantemente honesto e dizer que eu precisava parar de pensar tanto.
Mas não. Nada.
Desde que ela saiu de Nova Iorque, desapar