O portão da mansão Bennet se abriu com o som usual e suave da engrenagem, mas, mesmo depois de tantos anos, cada retorno carregava o peso de uma visita a um teatro de guerra disfarçado de lar. O motorista estacou o carro em frente à entrada principal, onde a fachada neoclássica permanecia imponente como sempre. Fria. Impecável.
Assim que desci, minha mãe já me esperava no topo da escadaria. Usava um vestido creme de linho, o cabelo preso num coque perfeito, como se cada fio fosse controlado com a mesma precisão que ela aplicava nas palavras.
— Eliza. — Ela sorriu com os lábios, mas os olhos analisavam. Sempre analisando.
— Mãe. — Subi os dois últimos degraus e a abracei. Ela me envolveu com firmeza e por mais tempo do que de costume. Era raro. Mas não gratuito. Ela sempre tinha um motivo.
— Está linda — comentou, ajeitando a manga do meu blazer como se algo estivesse fora do lugar. Não estava.
— É só sábado.
— E Bennets não têm dias comuns — respondeu, virando-se para entrar. Eu a seg