Capítulo 6 Você Já Viu Ele Me Mimando?
Na verdade, tudo o que eu dava para Yarin era escolhido com cuidado. Cada presente era novo e de alta qualidade. Mas, no passado, sempre que eu lhe dava algo, ela dizia que era muito caro e se recusava a aceitar.

Por isso, comecei a fingir que os presentes eram simples e sem valor, apenas para que ela os aceitasse. Mas, com o gosto refinado que ela tinha, eu sabia que ela sabia exatamente o valor de cada presente. Mesmo assim, ela sempre interpretava de maneira errada, achando que eu estava menosprezando-a de propósito, como se quisesse humilhá-la.

Yarin era uma pessoa cheia de orgulho. Para lidar com alguém como ela, era necessário atacar diretamente seus pontos fracos. E, como esperado, sua expressão ficou feia, embora ela se esforçasse para não demonstrar.

Naquele momento, ouvi passos apressados no corredor. Levantei a cabeça e vi Theo vindo rapidamente até nós. Assim que ele viu a expressão de Yarin, que não parecia boa, virou-se para mim e, sem hesitar, me acusou:

— Daisy, você está provocando a Yarin de novo? Você sabe que ela tem a saúde frágil. Além disso, você já não é mais uma criança. Por que continua agindo como antes, sem maturidade?

Theo começou a me repreender sem fundamento. Não era difícil adivinhar que Yarin havia dito algo para ele. Afinal, quando foi que eu a provoquei?

Ficava claro que, na presença de Theo, Yarin não perdia a oportunidade de falar mal de mim. Caso contrário, como aquele irmão que sempre me amou tanto na infância poderia ter mudado tanto ao crescer? Agora, ele só sabia defender Yarin.

Yarin se levantou e tentou acalmá-lo, pedindo que ele não se irritasse, mas não mencionou nada sobre o que havia acontecido entre nós momentos antes.

Eu soltei uma risada irônica, interrompendo-os, e apontei para o colar que Yarin ainda segurava com força nas mãos.

— O que foi? Eu dar um colar para ela agora é considerado uma provocação? Theo, sua definição de “provocar” é bem peculiar.

Ao ouvir isso, Yarin não teve escolha a não ser mostrar o colar para Theo. Rapidamente, ela explicou:

— Sim, irmão. A Daisy só estava me dando um presente. Ela não fez nada de errado.

Quando Theo viu o colar, ficou claramente surpreso. Ele sabia muito bem o significado daquela joia para mim. Todos sabiam. O fato de eu ter dado algo tão importante para Yarin mostrava o quanto eu supostamente a valorizava. Por um momento, Theo ficou sem palavras.

Ele parecia desconfortável, percebendo que havia me julgado mal. Mas, mesmo assim, não quis admitir o erro e se desculpar.

— Se era só um presente, você podia ter explicado direito. Não precisava usar esse tom. Dá a impressão errada. Daisy, você deveria ser mais gentil. Uma mulher muito arrogante e mimada não é atraente. Se você fosse mais doce, talvez Lúcio...

Theo parou de falar de repente, como se tivesse se lembrado de algo. Ele me olhou, suspirou e mudou de assunto:

— Enfim, você sempre foi assim, desde pequena. Não adianta esperar que mude. Ainda bem que Lúcio tem paciência para te mimar.

Eu não consegui segurar uma risada fria. Com qual dos olhos dele ele viu Lúcio me mimar? O conceito de “mimo” dos homens realmente era estranho.

Ao lembrar de Theo na vida passada, meu olhar para ele ficou ainda mais frio. O irmão que eu tanto respeitava havia me abandonado no meio de um incêndio para salvar Yarin. Depois disso, qualquer vestígio de afeto que eu tinha por ele desapareceu, queimado junto com as chamas daquela tragédia.

Engoli o ressentimento que crescia no meu peito, ignorei Theo e me virei para subir as escadas. Antes, deixei uma última frase:

— Estou cansada. Liliane, acompanhe os convidados até a saída.

— Daisy, eu sou seu irmão! Que atitude é essa? — A voz irritada de Theo ecoou do andar de baixo, mas eu não me dei ao trabalho de responder. Tinha coisas mais importantes para resolver.

No quarto, comecei a arrumar minhas coisas. Apesar de não parecer muita coisa, ao terminar, já havia enchido vários caixotes.

Chamei o motorista para ajudar a carregar as caixas no carro. Depois, entrei no veículo e saí daquela casa que dividi com Lúcio desde o nosso casamento.

Se eu já havia decidido me divorciar, era natural que saísse de casa. Em vez de esperar que ele me pedisse para ir embora, preferi tomar a iniciativa e sair por conta própria.
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