Helen desceu as escadas do prédio de Miranda como se o chão fosse desabar a cada passo. O mundo girava, mas não por causa de vertigem, era a decepção, o nó na garganta, o coração estraçalhado pela traição. O vento cortava seu rosto como navalhas, mas ela mal sentia. Sua visão estava embaçada pelas lágrimas que se recusava a derramar em público.Foi quando o telefone tocou.Ela pensou em não atender, mas ao ver o nome de Zoe na tela, apertou o botão com força.— Oi… — disse com a voz fraca.— Helen! — disse Zoe, empolgada. — Estava pensando em você! Vamos almoçar juntas? Preciso de uma pausa e quero fofocar um pouco. Está livre?Helen respirou fundo. Ela precisava daquilo. Precisava de Zoe. Precisava de alguém que não mentisse.— Tô indo agora mesmo.O restaurante era charmoso, discreto, com plantas pendendo do teto e luz suave filtrando pelas janelas. Zoe chegou primeiro e levantou para abraçar Helen com um sorriso doce.Mas o sorriso desapareceu assim que notou os olhos marejados da
Ethan CarterEu joguei o corpo para trás na cadeira, soltando um suspiro longo.— E então? — Liam me olhava com um sorriso malicioso. — Vai ou não vai me contar por que está com essa cara de quem viu um fantasma?Olhei para o meu copo, girando o líquido âmbar dentro dele. Eu precisava falar sobre isso, antes de tomar meu drink encarei meu amigo e disse sem sem rodeios:— Ontem fui até o apartamento da Miranda. Liam me encarou nos olhos mas não disse uma só palavra, no fundo, ele sabia que eu tinha mais coisa para contar. — Eu fui determinado a conversar com ela, eu… eu estou confuso Liam. Na noite anterior eu e Helen nós quase…— Quase…— Nos beijamos. — disse suspirando derrotado. — E porque não aconteceu?— Porque… eu na verdade, não sei. Eu não sei o que sinto por Helen, tenho medo de apenas estar confundindo os sentimentos, em estar carente por não dormir com uma mulher há meses, por isso eu… aceitei me encontrar com a Miranda. — Peraí, deixa eu ver se eu entendi. Você está go
Helen BennettO dia passou em um piscar de olhos. Entre responder e-mails, revisar documentos e evitar pensar em Ethan, eu mal percebi quando a noite chegou.E agora?Eu estava parada na frente do meu espelho, pronta para sair. Virei de um lado para o outro, observando o vestido preto justo que Zoe me obrigou a usar. O espelho não mentia, o vestido preto abraçava cada curva do meu corpo, destacando minha pele e me deixando perigosamente à mostra.— Hoje quero me sentir poderosa— murmurei para o meu reflexo, estava decidida a esquecer Ethan Carter pelo menos por umas horas e viver. Meu celular vibrou novamente, era Zoe, impaciente como sempre.*“Espero que já esteja pronta, cunhadinha. Eu e Melissa estamos indo te buscar.E sem desculpas!A melhor cunhada do mundo (não me decepcione).”Soltei um suspiro longo, pegando minha bolsa. Não era como se eu pudesse escapar, Zoe era insistente e honestamente? Eu precisava disso! Precisava mostrar para mim mesma que me amava acima de tudo. E se
Ethan Carter A voz de Helen soava embolada, arrastada, como se estivesse em outro mundo.— Helen? — minha voz saiu mais dura do que eu pretendia.Do outro lado, ela riu baixinho.— Não interessa! — Helen… — Ah meu caro marido, tem certeza que quer saber onde estou? Um silêncio surgiu do outro lado da linha e sinto todo o meu corpo se arrepiar. Onde ela estava e porque estava completamente embriagada.— Agora nesse exato momento estou em busca de um homem gostoso e irresistível para passar a noite cavalgando em cima dele. — VOCÊ O QUE? — Bye Bye maridinho… Me levanto encarando Liam furioso. Percebo a tensão em Liam, mas antes que ele consiga dizer alguma coisa, pego novamente meu celular e telefono para Zoe. — Oi traidor. Escuto minha irmã me chamando de traidor e por um momento hesito. Claro que Helen deve ter contado o que aconteceu, mas não vou perder tempo tentando explicar para minha irmã alguma coisa. — Zoe onde vocês estão? — Nós? Como assim nós?— Helen está com v
O barulho da porta se fechando ecoou pelo apartamento silencioso, seguido pelo som metálico das chaves sendo arremessadas sobre a mesa de mármore da sala. Ethan estava encostado na porta, o peito arfando, as mãos ainda trêmulas de raiva e desejo mal resolvido.Helen girou lentamente sobre os próprios pés, com os olhos embriagados de álcool e de uma provocação que beirava a loucura.A luz do lustre dourado iluminava suas curvas, seu vestido justo, a fenda que subia perigosamente até o alto da coxa. E então, como se tudo aquilo fosse um palco montado para o descontrole, ela levou as mãos até o zíper nas costas e puxou.— Helen… — Ethan murmurou, com a voz rouca e grave, como um aviso contido.Mas ela apenas sorriu. Um sorriso travesso, de lábios vermelhos borrados e olhos brilhando de desafio.O vestido escorregou pelo corpo dela como um suspiro, caindo aos pés com um som suave de tecido no mármore. Sem desviar os olhos ela levou as mãos ate a fina tira da calcinha e baixou devagar. Et
Ethan CarterAcordei com dor.Não aquela dor emocional e maldita que me atormentava há dias. Era física, concreta, ardente. A porra de uma pressão acumulada que parecia concentrada entre minhas pernas, lembrando cada centímetro do que não aconteceu na noite passada.Virei na cama, com o rosto enterrado no travesseiro, e soltei um gemido abafado.— Merda…Os lençois estavam embolados na cintura, e o colchão ainda carregava o perfume adocicado de shampoo misturado com álcool. Senti o cheiro antes de abrir os olhos. E então eu olhei.Helen dormindo.
Ethan CarterO silêncio da minha sala era uma benção e uma maldição. A cidade pulsava do lado de fora, mas aqui dentro tudo parecia contido, retesado, sufocado exatamente como me sinto agora.Sentei-me na cadeira de couro, encostei minha cabeça no encosto e fechei os olhos por um minuto.Helen…A imagem dela ainda estava cravada na minha retina, o corpo esbelto dela nu nos meus lençois, os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos, a perna esticada inconscientemente, provocante como o inferno. Os seios a mostra e a porra da lembrança dela me provocando..Será que ela tinha noção do que t
O mundo girava.Helen acordou com um gemido baixo, sentindo o peso do próprio corpo afundar no colchão macio, enquanto a cabeça latejava como se tivesse uma bateria de escola de samba desfilando dentro do crânio. As pálpebras pesadas demoraram a se abrir, e quando o fizeram, a luz suave que entrava pelas frestas da cortina parecia um ataque direto à sua sobrevivência.Ela franziu o rosto, gemeu e se encolheu de novo.Tudo parecia uma névoa. Estava deitada em uma cama enorme, com lençóis escuros e o cheiro amadeirado familiar que fazia o coração dela dar um salto. Virou o rosto devagar e viu que o lado ao seu lado estava vazio. Nenhum sinal de Ethan.Último capítulo