Helen desceu as escadas do prédio de Miranda como se o chão fosse desabar a cada passo. O mundo girava, mas não por causa de vertigem, era a decepção, o nó na garganta, o coração estraçalhado pela traição. O vento cortava seu rosto como navalhas, mas ela mal sentia. Sua visão estava embaçada pelas lágrimas que se recusava a derramar em público.
Foi quando o telefone tocou.
Ela pensou em não atender, mas ao ver o nome de Zoe na tela, apertou o botão com força.
— Oi… — disse com a voz fraca.
— Helen! — disse Zoe, empolgada. — Estava pensando em você! Vamos almoçar juntas? Preciso de uma pausa e quero fofocar um pouco. Está livre?
Helen respirou fundo. Ela precisava daquilo. Precisava de Zoe. Precisava de alguém que não mentisse.
— Tô indo agora mesmo.
O restaurante era charmoso, discreto, com plantas pendendo do teto e luz suave filtrando pelas janelas. Zoe chegou primeiro e levantou para abraçar Helen com um sorriso doce.
Mas o sorriso desapareceu assim que notou os olhos marejados da