— Mamadi?
A voz de Niyati é suave, e sinto suas mãozinhas deslizarem pelo meu cabelo. Abro os olhos com esforço. A claridade me fere, e o inchaço nas pálpebras mal me permite enxergá-la.
— Como está se sentindo hoje? — ela sorri e beija minha testa com ternura. — Trouxe o chai do jeitinho que a senhora gosta. Beba tudo antes que esfrie, pode fazer isso por mim?
“Pode fazer isso por mim?” virou o único apelo capaz de me arrancar da apatia dos últimos dias. Se não consigo reagir por mim mesma, reajo por eles.
— Chukriá — murmuro, a voz rouca, quase irreconhecível.
Nas últimas duas semanas, essa tem sido minha realidade: deitada, consumida por culpa, chorando dia e noite sempre que olho para o desenho que deixei na cabeceira.
Não, eu não me arrependo das escolhas que fiz. Casar com Kabir foi o caminho que me levou à paz, à felicidade.
Mas o “e se” não me deixa em paz.
E se Bennet não tivesse sido atropelado?
E se ele não tivesse perdido a memória?
E se eu tivesse conseguido fugir?
E se..