Capítulo 4
Bati à porta do escritório do Rafael, com a carta de demissão entre os dedos.

Ele franziu o cenho ao me ver. — O que você está fazendo aqui? — Perguntou, seco.

Estendi o papel diante dele. — Sr. Soares, esta é a minha demissão.

Rafael ficou imóvel por um instante e, de repente, o rosto dele escureceu.

— Você está falando sério? Vai se demitir mesmo?

— Sim.

Ele soltou um riso irônico.

— E eu que achei que ontem você estivesse só pagando de indiferente. Então hoje está querendo bancar a rebelde comigo?

— Elisa Lima, sem mim… você vai para onde?

Anos atrás, por causa dele, rompi com minha família.

Acreditavam que Rafael não era alguém à minha altura — e, de fato, naquela época ele nem era o sucessor da máfia. Dentro do clã, era o último nome lembrado.

Mas eu me apaixonei pelo homem, não pelo título.

Por isso larguei tudo e vim viver na cidade dele.

E por isso ele achava que eu jamais teria coragem de ir embora.

Não podia deixá-lo saber dos meus planos.

Com a posse doentia que ele tem sobre mim… se descobrisse, me trancaria aqui para sempre.

— Só estou cansada. — Falei, num fio de voz. — Preciso de um tempo. Não estou discutindo com você.

A expressão dele ficou ainda mais carregada. Me encarou longamente, como se tentasse me decifrar.

Então, guardou a carta na gaveta.

— Tire férias. Não precisa se demitir.

Apenas assenti e me virei para sair.

Uma assinatura no papel já não mudava mais nada.

Mas ainda não havia chegado à porta quando uma voz aflita ecoou pelo escritório:

— Rafael, e agora? Meu colar sumiu!

Era a Isabela.

Segurava uma caixinha de joias, o rosto completamente pálido.

— Eu juro que deixei aqui! Como pode ter desaparecido? — Ela quase soluçava.

Rafael suavizou a voz para ela:

— Calma, Isa. A gente encontra.

Logo depois, ergueu o olhar e ordenou aos seguranças:

— Vistoria geral. Quero saber quem pegou o colar dela.

O escritório virou um caos. Comentários venenosos surgiram por todos os cantos:

— Quem teria coragem de roubar algo da Isabela?

— Aquele colar custa uma fortuna!

— Se eu pegar o ladrão, vai sair daqui carregado!

Eu parei na porta, hesitante. Sair naquele momento… parecia quase uma fuga.

Foi quando a voz dele me cortou o ar:

— Elisa Lima. Fica onde está.

Rafael fez sinal para bloquearem a saída. Todos foram forçados a voltar às mesas, enfileirados para inspeção.

Em pouco tempo, chegou minha vez.

Ao olhar para minha gaveta, ele viu o ursinho de pelúcia — o nosso primeiro presente — e um traço de desconforto cruzou o rosto dele.

Mesmo assim, fez um gesto impaciente:

— Esvaziem tudo.

Reviraram cada objeto meu, sem cuidado algum.

O ursinho acabou arremessado no chão, destruído…

Tal como os nossos cinco anos, reduzidos a pó.

Reviraram tudo. Nada.

Então Isabela lançou um gritinho:

— Achei!

Fingindo surpresa, tirou o colar de uma fresta entre os papéis.

— Como isso foi parar aqui?

Rafael voltou o olhar para mim — frio como gelo.

Sem aviso, a mão dele veio certeira no meu rosto.

O tapa ecoou pelo escritório.

— O que você tem a dizer, Elisa? — Vociferou. — Peça desculpas à Isa. Agora.

A pele queimava, os olhos ardiam.

Mas levantei o queixo, mesmo com as lágrimas ameaçando cair:

— Eu não peguei nada. Não tenho nada a explicar.

Respirei fundo.

— Se quer saber a verdade… olhe as câmeras.

E concluí, firme:

— E, para deixar claro, eu jamais cobiçaria o colar dela.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP