A decisão, uma vez tomada, solidificou-se no peito de Gabriel como uma placa de aço. Não havia mais espaço para dúvida ou hesitação. Vigiar de longe era um luxo que ele não podia mais se permitir. Ser um fantasma do outro lado da rua era inútil contra um açougueiro que planejava chutar a porta da frente. Ele precisava estar dentro dos muros. Precisava ser o fantasma dentro da casa.
Ele pegou um táxi na rodoviária, mas pediu para descer a mais de um quilômetro da mansão dos Tavares. O resto do caminho ele fez a pé, movendo-se pelas ruas escuras e silenciosas do bairro nobre como uma sombra deslocada. Cada mansão era uma fortaleza, com seus muros altos, cercas elétricas e o brilho frio dos sensores de movimento. Para qualquer outra pessoa, seria um labirinto impenetrável. Para Gabriel, era um quebra-cabeça que ele passara semanas resolvendo.
Ele conhecia o padrão da patrulha de segurança. Sabia que o guarda do turno da madrugada fazia uma ronda completa a cada quarenta e cinco minutos,