Elara demorou a perceber que estava sentada no sofá havia tempo demais, com as mãos entrelaçadas no colo, encarando um ponto fixo da parede sem realmente vê-lo. O apartamento de Kael era silencioso, amplo, excessivamente organizado — o tipo de lugar onde nada parecia fora do lugar, mesmo quando tudo estava.
Ela inspirou fundo, tentando se reconectar com o próprio corpo.
Kael estava na cozinha, falando baixo ao telefone, o tom sério, controlado. Leon permanecia perto da janela da sala, observando a rua lá embaixo como se esperasse que algo — ou alguém — surgisse a qualquer momento.
A tensão entre os dois não era aberta. Não havia provocações, nem olhares hostis. Era pior do que isso.
Era contenção.
Quando Kael encerrou a ligação, aproximou-se devagar.
— Falei com a segurança do prédio e com um contato meu — disse, direto. — Nada registrado oficialmente. Nenhuma denúncia recente. Isso significa duas coisas: ou foi alguém muito cuidadoso… ou alguém que não quer deixar rastros.
Elara sent