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Capítulo 3 — Quebra-de-Controle

O dia seguinte chegou mais rápido do que Elara gostaria. Mesmo tentando evitar, Kael Draven ainda invadia seus pensamentos — não apenas como chefe, mas como alguém que a desafiava em um nível que ela não entendia.

O ar condicionado do escritório estava frio demais, mas ela sentia um calor estranho na pele. Talvez fosse nervoso… ou algo pior: interesse.

Enquanto organizava relatórios em sua mesa temporária, ouviu passos firmes se aproximando. Ela endireitou a postura instintivamente.

— Martins. — A voz grave de Kael ecoou antes mesmo que ela o visse.

Ela levantou o olhar — e lá estava ele: impecável, intenso, como se carregasse o controle absoluto do ambiente.

— Senhor Draven — disse, tentando manter a voz firme.

Ele analisou rapidamente o que ela fazia. Era impossível ignorar a forma como ele a observava: não como superior avaliando uma funcionária… mas como algo mais.

— Você estará no projeto piloto com o diretor de expansão. — disse, seco, como se não desse espaço para dúvidas.

— Claro. — Ela respirou fundo — Posso perguntar por quê eu?

Ele inclinou levemente a cabeça.

Era quase um sorriso… quase.

— Porque quero ver até onde você aguenta — respondeu simplesmente.

Elara sentiu a respiração prender no peito.

Até onde… eu aguento?

Ela engoliu seco.

— E… quem é o diretor?

Antes que Kael respondesse, outra voz surgiu atrás dela — uma voz suave, calorosa e completamente diferente do tom frio de Kael.

— Sou eu.

Elara virou-se e encontrou um homem alto, cabelos castanho-claros levemente bagunçados, olhos verdes acolhedores e um sorriso que contrastava perfeitamente com a rigidez do CEO.

Ele estendeu a mão.

— Leon Bennett. Diretor de expansão. E… aparentemente seu parceiro de caos.

Kael não gostou do sorriso dele. Não gostou do tom. Não gostou da forma como Leon segurou a mão dela por um segundo a mais do que o necessário.

— Bennett — Kael cortou — Trabalhe com ela no material até o fim da semana. E mantenha-me informado.

Leon ergueu uma sobrancelha.

— Quer relatórios… ou atualizações sobre o que ela é capaz?

O olhar de Kael ficou afiado.

— Quero resultados. E disciplina.

Leon sorriu — um sorriso que tinha desafio.

— Claro, chefe.

Kael olhou para Elara mais uma vez — lento, intenso, silencioso.

Quase uma advertência… ou território.

Depois saiu sem olhar para trás.

Quando ele finalmente desapareceu no corredor, Leon soltou uma leve risada.

— Ele sempre é assim ou você o deixa mais… tenso?

Elara sentiu o coração acelerar.

— Eu? Não. Ele só… é assim sempre.

Leon inclinou-se um pouco, como se estudasse o rosto dela.

— Hmm. Sei ler pessoas, Elara. E vou te dizer algo: ele não olha para ninguém daquele jeito.

Ela desviou o olhar, engolindo a verdade que mal era capaz de admitir para si mesma.

— Não sei do que está falando.

— Claro que sabe — Leon sorriu — mas tudo bem. Não vou forçar. Vamos trabalhar.

Durante horas, eles revisaram números, metas e estratégias. Leon era inteligente, rápido, eficiente — e diferente de Kael, fazia perguntas, ouvia, brincava.

— Seu raciocínio é incrível — elogiou ele quando ela ajustou uma projeção.

Elara sorriu, surpresa com o reconhecimento.

— Obrigada. Fiz o melhor que pude.

— Melhor que pôde? — Leon inclinou-se para ela — Você fez melhor do que muita gente experiente faria.

O elogio aqueceu. Diferente de Kael… Leon fazia com que ela se sentisse capaz.

Mas era impossível ignorar: mesmo ali, mesmo com Leon tão perto, a imagem que surgia em sua mente era a de um olhar dourado — frio, firme, impossível de decifrar.

Era irritante. Desconfortável.

E viciante.

Quando o expediente estava quase no fim, Leon chamou:

— Quer sair para comer algo? — perguntou casualmente — Você trabalhou duro. Merece.

Elara ia responder quando ouviu passos e sentiu… antes mesmo de ver.

Kael.

Ele não entrou — apenas ficou parado próximo o suficiente para ouvir.

Ela percebeu.

Leon também percebeu.

E foi aí que ela falou:

— Sim, quero.

Um músculo no maxilar de Kael se contraiu — imperceptível para qualquer um… menos para ela.

Leon sorriu satisfeito.

— Ótimo. Vamos.

Kael finalmente falou — lento, controlado, perigoso:

— Bennett.

Leon virou-se com um sorriso falso.

— Sim, chefe?

— Não deixe ela se atrasar amanhã.

Leon piscou, provocador.

— Não se preocupe. Vou cuidar bem dela.

Kael encarou Elara — e havia fogo naquele olhar.

Não pedido.

Não raiva.

Possessividade.

Ele não disse nada. Não precisou.

Então virou-se e foi embora.

Elara sentiu o estômago revirar.

Leon apenas riu baixo.

— Parece que acabei de comprar uma briga sem querer.

Ela olhou para a porta por onde Kael saiu.

Ou talvez não tão sem querer assim.

E, pela primeira vez, ela percebeu:

Talvez estivesse brincando com fogo.

E talvez — só talvez — quisesse se queimar.

Elara tentou ignorar a sensação incômoda que ficou depois da troca de olhares com Kael. Era irritante como ele conseguia afetá-la tanto sem ao menos tentar. Leon, por outro lado, era previsível — gentil, seguro, e claramente interessado. A versão controlada do caos que Kael representava.

— Você tá aqui comigo? — Leon brincou, tocando de leve o pulso dela.

— Estou — ela respondeu, embora soasse mais para si mesma do que para ele.

— Hm. Não parece — ele provocou com um sorriso, inclinando-se um pouco. — Sua mente estava longe… ou com alguém.

Ela ergueu o olhar devagar.

— Alguém? — repetiu com ironia. — E quem seria esse "alguém"?

Leon deu um riso nasal, olhando de canto de olho para Kael — que estava mais afastado, mas observava tudo, braços cruzados, expressão indecifrável… e atenção fixa em Elara.

Kael percebeu o olhar de Leon. Depois o dela.

E então veio aquele sorriso.

Devagar. Perigoso. Seguro demais.

O tipo de sorriso que dizia sem palavras:

"Você é minha distração favorita."

O coração dela acelerou — irritação e algo mais misturado.

Para responder sem palavras, Elara se aproximou um pouco mais de Leon, o suficiente para parecer intencional.

— Se alguém quisesse me sequestrar — ela murmurou baixo — teria que aprender a me merecer primeiro.

Ela sentiu — sem precisar olhar — a mudança no ar.

Kael viu.

E definitivamente não gostou.

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