A madrugada parecia interminável.
Eu já havia virado na cama tantas vezes que os lençóis pareciam um campo de batalha. O silêncio do apartamento era quase sufocante, e mesmo com os olhos fechados, meu corpo se recusava a descansar.
A cena que se repetia na minha mente era sempre a mesma:
Leon me olhando como se tivesse perdido algo que nem sabia que possuía.
Kael me encarando como se eu fosse um erro… ou propriedade.
E eu ali, no meio dos dois, com o coração descompassado e a mente em guerra.
Suspirei e finalmente levantei da cama. Peguei o primeiro moletom que encontrei e caminhei até a sacada. O ar noturno estava frio, mas era real, firme — diferente do caos que existia dentro de mim.
A cidade lá embaixo continuava viva — carros, luzes, pessoas indo e vindo como se o mundo não tivesse mudado algumas horas atrás.
Como se eu não tivesse cruzado uma linha invisível.
Eu estava encostada no vidro da sacada quando ouvi passos atrás de mim — passos conhecidos.
Não precisei olhar para saber