Leon não conseguia dormir.
Tinha tentado — se jogou no sofá, no quarto, voltou para a cozinha, abriu a geladeira sem fome, só para fechar de novo. Cada segundo desde a festa parecia ecoar na sua mente como um relógio quebrado que insistia em repetir o mesmo tique irritante.
A imagem do beijo.
O beijo dela com Kael.
Aquilo não deveria importá-lo — mas importava.
E muito mais do que ele estava pronto para admitir.
Ele apoiou as mãos no balcão de mármore da própria cozinha, respirou fundo e riu sem humor.
— Ridículo... ― murmurou para si mesmo.
Mas a risada morria na garganta, deixando apenas um gosto estranho — mistura de ciúmes e frustração.
Ele a queria.
Desde o primeiro olhar.
E o pior?
Ela sabia.
Elara podia fingir não perceber, podia desviar, podia agir como se estivesse apenas brincando com o perigo — mas Leon reconhecia quando era desejado. Reconhecia muito bem. Era uma das poucas vantagens de ter vivido metade da vida sendo a solução temporária de feridas alheias.