Quando a visita chega com segredos
NORMAN ANDRADE CASSANI
Um carro preto estaciona na frente da casa. O som do motor morre e o silêncio da rua do Jardim do Mar engole o meu peito. A campainha toca. Meu coração dispara. Por um instante penso: é o Leo. No Brasil nós temos esse hábito terrível e lindo de acolher com o corpo, com sorriso, com abraço. Para outros países pode parecer estranho, mas para nós é natural. Antes de pensar, me jogo no pescoço do André como se fôssemos velhos amigos.
— André! Que saudades! Quanto tempo!
Só quando sinto os braços dele ao meu redor é que percebo o que estou fazendo. Recuo, assustada com o próprio gesto:
— Nossa… senhor André… me desculpe. É que faz tanto…
Ele me interrompe, segurando meus ombros, o toque quente, firme, os olhos nos meus:
— Vem cá… me dá outro abraço.
Ele me puxa de volta. Sinto novamente o corpo dele. Sinto o cheiro do perfume, o calor da pele. Meu coração dispara num ritmo que não controlo. O cheiro dele entra pelo meu nariz e me fa