Quando amor e perigo dividem o mesmo elevador
Norman Andrade Paixão
O celular vibrou no criado-mudo. Leo pegou, leu, e o maxilar tensionou. Ele virou a tela rápido, como quem decide o que me mostrar. Mostrou.
BlackCode@…: Movimento esta manhã. Dois números do conselho bateram em off com a imprensa de Mônaco. Alvo: “o fantasma voltou e traz a amante.” Zerei a fumaça, mas: cuidado com a recepção hoje. “Acidentes” gostam de elevador.
Não percebi que estava prendendo a respiração até soltar tudo de uma vez. “Amante”. “Acidentes”. “Elevador”. O estômago gelou.
— Eu não vou te assustar. — ele falou baixo. — Só vou te manter viva.
— Você acredita mesmo que… — a pergunta morreu no “que”. Não precisei terminar.
— Acredito. — respondeu seco. — E isso muda pouca coisa: eu já protegia você. Agora só vou proteger mais.
Fechei os olhos por um segundo. Eu devia estar apavorada. E estou. Mas, por alguma razão que me irrita e me acalma ao mesmo tempo, me sinto… segura. Com ele. É loucura. Eu sei. Eu