Quando o sangue não aceita mais silêncio
LEONARDO CASSANI
O silêncio na sala era sufocante. André ainda segurava a carta com os olhos fixos no nome que todos temiam pronunciar em voz alta. Cíntia passava a mão nervosa no cabelo, os olhos marejados. Eu andava de um lado para o outro, sem conseguir parar, o peito queimando como se fosse explodir.
Então a porta se abriu.
Isabella entrou com aquele salto irritante que batia no piso como um martelo. O batom vermelho, o olhar afiado. Mas a primeira coisa que ela notou foi o clima da sala — pesado, carregado.
— O que foi? — ela perguntou, estranhando. — Por que estão me olhando assim?
André engoliu seco. O olhar dele era de quem tinha acabado de ver um fantasma. Cíntia murmurou, quase sem voz:
— Então é por isso…
Isabella franziu a testa, confusa.
— Por isso o quê? Do que vocês estão falando?
Eu parei no meio da sala, respiração arfante. Cada músculo do meu corpo implorava para explodir.
André olhou de novo para ela, incrédulo.
— Então é vo