ANAHÍ
O ar parecia ter saído de meus pulmões. Olhei para o rosto de Merlya, o mesmo rosto que eu havia lamentado, o mesmo que eu havia visto em pesadelos, e a realidade se dobrou.
— Você... você está viva — murmurei, dividido entre o alívio profundo e a raiva pela dor insuportável que Merlya havia causado a todos nós.
— Sim. Eu estou viva, Anahí. Mas preciso que você me escute, agora, antes que você faça algo estúpido que possa nos matar.
Merlya se aproximou. Pela primeira vez, eu notei o medo genuíno em seus olhos e o cansaço que transcendia o sono.
— Eu não forjei minha morte por crueldade. Eu forjei para salvar a vida e a carreira do seu irmão.
A raiva me deu força.
— Salvar a carreira dele?! Ele foi baleado, Merlya! Ele está em casa, parecendo um fantasma, obcecado em encontrar um bandido que o deixou à beira da morte! Isso é salvar a carreira dele?!
— Foi Natália quem mandou atirar nele! — Merlya explodiu, a voz embargada. — Ela tentou me matar meses atrás. Ela me sequestrou. Qua