NATÁLIA
O carro cheirava a poeira e frustração. Dirigi até o apartamento discreto no centro da cidade, meu corpo ainda tremendo de adrenalina e fúria. Aquele dia deveria ter sido o meu último ato de limpeza, a garantia final de que Merlya nunca mais perturbaria minha vida. Mas, graças à sua "mágica" fisioterapia, ela havia rolado para fora do caminho como uma acrobata, escapando da morte por centímetros.
Bati na porta três vezes, a senha combinada.
César abriu. Ex-colega de Alex na faculdade de Fisioterapia, ele havia sido expulso anos atrás por tráfico de substâncias controladas e agora era o homem que resolvia os problemas que o dinheiro sujo do meu pai não podia resolver abertamente. Ele era o contraste perfeito de Alex: frio, prático e sem moral.
— A pressa não é minha amiga, Natália — ele disse, com um sorriso de escárnio que eu odiava, mas que tolerava por necessidade. — Você parece um fantasma. Não conseguiu atropelar merlya?
Eu entrei, jogando a chave do carro na mesa de