Dois meses se passaram desde o dia em que tudo começou.
Foram dias longos, feitos de visitas curtas à UTI, de esperas e orações. Mas naquela manhã, finalmente, o médico entrou no quarto com o sorriso que eu sonhava em ter.
— Ele está pronto pra ir pra casa.
As palavras ecoaram como um alívio.
Eu mal conseguia acreditar.
Só havia uma coisa que me deixava inquieta: Antônio não estava ali.
Dois dias antes, ele havia saído dizendo que precisava resolver algumas coisas e desapareceu desde então. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem. Apenas o silêncio.
Mesmo assim, havia alegria demais para caber em qualquer ausência.
Papai chegou cedo, pronto para nos levar de volta. Lucas e Ana ajudaram com as malas, as flores, os presentes acumulados nas semanas.
— Agora é hora de ir pra casa — disse Ana, me abraçando com ternura. — Prometo que logo apareço pra conhecer o pequeno como se deve.
Sorriu, emocionada.
— Vou te cobrar, viu?
Lucas, por sua vez, tentou disfarçar a saudade com bom humor