O quarto do hotel era frio, impessoal.
As cortinas pesadas deixavam passar uma luz pálida que parecia zombar de mim.
Eu não dormi a noite inteira — cada ruído no corredor fazia meu corpo estremecer.
Mas o pior ainda estava por vir.
Uma batida seca na porta.
Três toques, pausados.
Eu sabia quem era antes mesmo de perguntar.
— O que você quer agora, Marcelo? — perguntei, sem abrir totalmente a porta.
— Calma, não precisa desse tom. Vim conversar, como pessoas civilizadas. — O sorriso dele era o mesmo de sempre: falso, cínico, nojento.
Abri só o suficiente para deixá-lo entrar.
Arrependi-me no mesmo instante.
O ar pareceu ficar pesado, contaminado.
Ele andou pelo quarto como se fosse dele, largou o paletó na poltrona e se virou para mim.
Trazia na mão o celular, e um olhar de quem está prestes a destruir alguém.
— Recebi mais um presente — disse ele, mexendo no aparelho. — E achei que você merecia ver.
O vídeo começou a rodar.
Imagens de câmeras, planilhas, áudios distorc