Capítulo 15
“Há silências que gritam mais alto do que qualquer palavra, e distâncias que aproximam mais do que o toque.” — Marjorye Sandalo
Maeve Jhosef
A casa dos meus pais tinha aquele cheiro de sempre: madeira encerada, flores frescas e alguma coisa assando no forno que lembrava domingos antigos. A mesa estava posta com esmero, os talheres alinhados como soldados silenciosos prestes a presenciar mais uma encenação familiar. Eu ainda estava um pouco desconcertada pela semana que passou. Ver Isaac pela segunda vez com a camisa aberta, as cicatrizes à mostra, me perturbou mais do que deveria.
Ele não era só o irmão do meu melhor amigo. Não mais. Havia algo mais nele, uma densidade que eu ainda não sabia como nomear.
— Está pensativa, querida — disse minha mãe, servindo um pouco de vinho no meu copo.
— Só cansada, mãe.
— Entendo. Trabalhar com o Isaac deve ser desafiador — ela riu, com um olhar quase maternal. — Mas vocês dois juntos têm sido essenciais para a transição da empresa.
Meu