Capítulo 14
"Alguns desejos nascem para morrer calados, sufocados pela decência, enterrados pela culpa."
— Marjorye Sandalo
Isaac Aubinngétorix
O gosto do uísque ainda arde na minha garganta, mesmo horas depois. Talvez porque, mais do que uma bebida, ele carrega memória.
Memória do que fui, do que deixei de ser.
Do que nunca poderei ser.
Sábado à noite em Washington tem cheiro de fumaça doce, de perfume derramado em promessas e segredos. Fiquei ali mais tempo do que devia, na penumbra da boate, com o copo entre os dedos e os olhos fixos em tudo e nada.
Até vê-la.
Maeve.
O coração apertou como se tivesse sido espremido por dentro do peito. Ela dançava com Zola como quem tenta esquecer.
E eu entendi.
Porque eu também tento.
Todos os dias.
Mas hoje, neste domingo cinzento que nasceu em ressaca e silêncio, tudo que me resta é o som abafado da minha própria respiração. Estou no escritório cedo demais para um dia sem expediente, tentando organizar relatórios que não fazem sentido sem a pres