Maeve Jhosef
Quando decidimos passar o resto da vida ao lado de alguém, não imaginamos que o “para sempre” venha carregado de reticências, silêncios e medos. Ainda mais quando essa escolha acontece depois da dor. Depois da morte.
Eu e Isaac somos dois sobreviventes — do luto, da culpa, daquilo que nunca dissemos.
Mas, de alguma forma, entre as ruínas de tudo o que perdemos, encontramos algo novo. Algo pequeno… que agora cresce dentro de mim.
Olho meu reflexo no espelho. Minha mão repousa sobre a curva sutil que desponta em meu ventre. Ainda não é visível aos olhos apressados, mas eu a vejo. Eu o sinto. É nosso filho. O primeiro traço visível do amor que resistiu ao caos.
Hoje será a primeira vez que o veremos. O som do seu coração, suas pequenas pernas talvez chutando de leve, sua existência pulsando em preto e branco na tela de um consultório. Um grão de esperança que já virou universo inteiro dentro de mim.
Respiro fundo. Tento conter a emoção, mas ela me transborda mesmo quand