Capítulo Bônus

Zola Riel

Quando somos crianças, criamos laços que não entendemos direito — mas que, por algum motivo, ficam. Crescem com a gente. Tomam forma. Às vezes se tornam tão fortes que nem o tempo, nem a dor, conseguem apagá-los.

Eu conheci Maeve Jhosef no dia em que caí de bicicleta pela primeira vez. Devíamos ter quatro ou cinco anos. Lembro do gosto de terra na boca, do joelho ralado e da raiva por ninguém ter me ajudado... até que ela apareceu. Pequena, destemida, com os cabelos cheios de folhas e um olhar que parecia sempre pronto para provocar o mundo. Sentou do meu lado como se já me conhecesse há vidas e disse: "Se doer muito, é porque valeu a pena cair." E a gente riu.

Nunca mais nos separamos desde aquele dia.

Crescemos juntas como se fôssemos parte da mesma casa, da mesma pele. Passávamos tardes inventando mundos, construindo fortalezas com lençóis, planejando fugir para a Lua ou criar uma cidade onde ninguém morresse. A infância foi doce, mas a adolescência f