Capítulo – Zola Riel
— Você anda sumida — a voz da Maeve me alcançou antes mesmo que eu pudesse bater na porta da casa dela.
— Eu? Você que tem um filho, um marido, um trabalho, uma vida… — rebati com um sorriso, mesmo sabendo que minha tentativa de parecer casual soava mais defensiva do que irônica.
Ela riu e me puxou pela mão para dentro, como fazia desde que éramos adolescentes.
A casa estava com aquele cheiro de sol e bolo recém-assado. Noan Ezra devia estar por ali, porque os brinquedos espalhados no tapete da sala entregavam a presença viva da criança. Era impossível estar ali e não sentir aquele calor de lar. Um contraste tão gritante com os corredores frios do hospital que eu quase comentei — mas preferi engolir o pensamento.
— Senta — ela disse, apontando para o sofá. — Fiz café. Fala. Como você tá?
— Cansada. Confusa. E com ressaca emocional desde o último plantão.
Maeve me olhou por cima da xícara com um daqueles olhares que ela só reservava quando sabia que eu