Capítulo 13
"Entre o silêncio das palavras não ditas e o eco das memórias indesejadas, descobrimos que o passado nunca está tão distante quanto gostaríamos."
— Marjorye Sandalo
Maeve Jhosef
O domingo amanheceu como um sussurro. A luz entrava pela janela com cautela, filtrada pelas cortinas de linho cru, como se temesse perturbar a quietude do quarto. Tudo estava em suspensão: o ar, o tempo, os pensamentos.
Levantei-me com o corpo pesado, como se tivesse dançado com fantasmas durante toda a noite. Talvez tivesse mesmo. A noite anterior havia sido um redemoinho de sons, imagens e sensações que ainda reverberavam dentro de mim. O calor dos olhos dele. A maneira como ele segurava o copo. A tensão evidente em seu maxilar. E o silêncio... sempre o silêncio, tão carregado quanto um grito.
Zola, com sua intuição impiedosa, soube enxergar aquilo que nem eu queria admitir.
— Você não consegue tirá-lo da cabeça, não é?
Respondi com uma mentira disfarçada de defesa fraca.
— Não é isso...
Mas era.