É possível ter controle sob o coração? Tudo que Mia não precisava era de um amor. Ela sabia melhor do que ninguém o quanto o amor pode machucar... e sinceramente ela preferia nunca mais mergulhar nesse sentimento. Mia é uma mulher bem resolvida, que no auge dos seus 32 anos tudo que ambiciona é sua realização profissional. Ela não quer casar tão pouco acabar em uma casa cheia de crianças para cuidar. No entanto quando ela conhece Luiz, descobre que o amanhã não nos pertence. Não quando o seu coração reage a cada olhar sedutor, quando seu estomago se contrai a cada sorriso cativante... Ela definitivamente precisa ficar longe dele, ou seu coração corre sérios perigos. Luiz é um homem que deseja paz. Tudo que ele quer é fugir do seu passado tormentoso e encontra o seu refúgio na Itália. O misterioso homem não tinha grandes planos para o futuro, para além de aproveitar a vida ao extremo. Contudo ele não contava que ao conhecer Mia, o destino tinha outros planos para eles. Uma mulher decidida a não se apaixonar. Um homem decidido a aproveitar a vida ao extremo. No entanto nenhum deles contava que a atração que surgiria entre eles, seria irresistível, imediata e inegável. O amor pode surgir nas situações mais inusitadas...
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- Eu te conheço de algum lugar. - Constato, após ter me sentado no banco da frente. Bem ao lado do estranho da Ella.
Eu realmente tenho a leve sensação de conhecê-lo de algum lugar, por mais que tente forçar a mente para tentar lembrar... Mas nada. Com minha curta capacidade de guardar caras na mente, fica difícil lembrar.
O estranho me encara, a diversão é palpável em nos olhos castanhos. Ao mesmo passo que um sorriso cínico desenha-se pela face dele, num primeiro instante sinto-me irritada e intrigada.
- Hmm... Vejamos... - Ele balbucia, desvia o olhar para a estrada que surge diante de nós. - Talvez porque sou o motorista dos D'Angelo ?
Crispo a testa, um tanto confusa pois ele não se parece nem de longe com um motorista. Ele é tão descontraído e não tem aquele ar de cordialidade que os motoristas aparentam ter. Sinto que não o conheço através disso e sim de um episódio além... Mas como não consigo lembrar, acho melhor deixar para lá.
- Sei lá eu... - Balbucio, desviando o meu olhar para a minha janela, onde posso encarar a paisagem de Veneza numa linda tarde. - A festa começou há muito tempo?
- Não, só há uma hora atrás.
- Hmmm... Então não perdi muito. - Digo, antes de retirar o meu telemóvel de dentro da minha bolsa e conferir o horário. - Tu não pareces com um motorista. É sério, não tens aquela postura de motoristas e tão pouco te comportas como um.
Pelo vidro imenso consigo ver quando um carro para bem na frente deste, o estranho encosta o carro na lateral da rua para que o outro carro passe, então ele me brinda com o seu olhar e quase faz meu coração parar aqui no meu peito; Os olhos castanhos me encaram com diversão palpável e então ele ri.
- E qual é essa postura de motoristas? - Ele questiona, a diversão ainda palpável nos seus olhos. - Porque eu não sabia que existia uma.
- Sei lá eu... Os motoristas, ao menos os pessoais, costumam ser todos sérios e bem calados. E tu no entanto não és como os restantes. És muito relaxado para ser um.
- Isto é porque eu sou diferente. Nem tudo tem de ser igual ou seguir o mesmo padrão, ou mundo seria uma seca.
- Hmm... Pois é.
Do meu trabalho para a mansão dos D'Angelo são uns vinte minutos indo de carro, as ruas tranquilas e sem muita movimentação em uma linda tarde então chegamos em quinze minutos mesmo. Guardo o meu telemóvel na minha bolsa assim que o homem estaciona em frente ao portão da casa da minha amiga.
É possível ouvir a música razoável a ecoar pela casa ainda do imenso portão, os guardas abrem a porta e não se demoram a abrir o portão eletrônico. O estranho nos conduz até à garagem, mas no entanto não me atenho aos detalhes pois estou demasiado interessada na festa que decorre pela casa.
Desafivelo o cinto mal me contendo de tamanha animação. Confiro o meu cabelo através do espelho retrovisor, e resolvo fazer um rabo de cavalo bem firme, meu batom está no ponto e meus cílios também; Sinto-me feliz por não precisar de mais uma camada de rímel.
Abro a porta do carro, pronta para descer mas um aperto suave no meu braço me impede. Olho para o estranho por cima do meu ombro, ele no entanto já desligou o carro e retirou a chave da ignição.
- Meu nome é Luís. Podes me chamar assim e não de estranho como aposto que deves estar a me chamar. - Ele declara, me deixando surpresa e assustada com a possibilidade de ele ler mentes.
- Está bem, Luís. - Sorrio para ele, puxo meu braço do seu domínio. - Obrigada por teres ido me buscar.
- Nada por isso. Agradece a Fiorella, a ideia foi dela.
- Está bem... - Balbucio, inquieta. - Então... Obrigada e nos vemos por aí.
Sem mais delongas desço do carro, aceno uma última vez para Luís e vou caminhando logo para a casa. Onde encontro alguns funcionários conhecidos na casa e cumprimento, vou diretamente ao quarto de hóspedes que sempre ocupo quando venho e deixo minha bolsa.
- Tia Miaaaaa! - Grazie, minha sobrinha diz quando vê no corredor. A loirinha corre animada e me abraça pela cintura.
- Oi, bonequinha da tia. - Digo, antes de abraçar Grazie de volta. - Como estás?
- Eu estou bem. E tu, tia Mia? - Ela devolve com um doce sorriso.
- Agora eu estou bem, acreditas que por pouco eu não viria a festa da Giuliana?
Grazie nega, ela me abraça pela cintura e juntas vamos em direção a parte exterior da casa enquanto ela vai me contado das novidades; Grazie está linda dentro de um vestido lilás, os cachinhos loiros caiem suavemente ao redor da face e ele dão o aspecto de uma boneca.
O ar fresco da tarde me recebe assim que chegamos no jardim, me surpreendo de imediato assim que noto a decoração presente. Está tudo exatamente como Ella, Giuliana e eu planejamos. Cores harmônicas como azul, preto e prata se destacam nos balões, nas mesas e o restante da decoração.
Sorrio ao ver Giuliana sorridente numa mesa e rodeada de seus amigos adolescentes. Vejo Ella debruçada num um carrinho sob de a sombra de uma árvore, ela sorri enquanto fala qualquer coisa para o bebé... Eu me pergunto se a maternidade enlouquece as pessoas, pois desde que Enzo nasceu minha amiga está sempre com o sorriso na cara.
Não duvido nada que ela durma e acorde com esse sorriso orgulhoso na cara, de certeza que cuidar de um recém-nascido deve ser uma das coisas mais fáceis e prazerosas. Enzo Gabriel nasceu há duas semanas e desde então só tenho visto todos extremamente sorridentes: desde o Giancarlo, Ella, Giuliana e até a Grazie.
- Oi, mãe do ano! - Saúdo em baixo tom, no entanto o suficiente para que minha amiga ouça.
Ella se vira para mim com um sorriso de orelha à orelha. Aposto que a maternidade tem efeito tranquilizante e alegre na vida das mulheres. Para Ella estar sempre sorridente assim, a maternidade deve ser as mil maravilhas.
- Olá, madrinha do ano. - Ela devolve o cumprimento, e puxa logo em seguida onde trocamos um rápido abraço. - Estás linda! Digna de uma uma atriz do Hollywood.
- Obrigada. Tu também estás muito bonita com esse vestido.
- Obrigada! Por falar nisso, tu estás diferente. Estás um pouco corada. O que aconteceu?
- Corada eu? Impressão tua. Nada aconteceu.
Meu coração ainda está aos saltos, estou um tanto confusa sobre as minhas reações no carro com Luís, afinal não é nem um pouco estranho passar uns quinze minutos sozinha com um homem, ainda mais um homem muito bonito. Estranhas realmente foram as minhas reações; o modo como meu coração reagia a cada ao som da sua voz, como o frio no meu estômago se intensificava a cada olhar que ele me dava.
Se calhar as reações que eu tive com aquele estranho Luís, não tenha sido nada pessoal. Talvez foi por eu estar demasiado carente e desolada na loja... Uhm, isso, Mia! Não foi nada pessoal. Nada! Deve ter sido a minha desolação que me levou a ter reações tão estranhas perto do Luís.
- Não aconteceu nada de mais... - Reforço, mediante ao olhar desconfiado da minha melhor amiga.
Ela apenas dá de ombros e eu aproveito a deixa para me inclinar no carrinho e trazer o bebezinho para os meus braços. Os olhinhos azuis estão abertos, no entanto ele não me dá um olhar sequer. Enzo está tão fofinho dentro body branco, um gorrinho azul e meias da mesma cor. Ele é tão calmo e fofo que quase me dá vontade de ter um bebé também.
- Oi, fofucho da madrinha. - Sussurro, na esperança de ter um pouquinho da sua atenção, mas eventualmente isso não acontece me contento em beijar o seu narizinho. - Estás muito lindo hoje, madrinha já te disse isso?
Aconhego meu afilhado nos meus braços, mas não sem antes colocar uma mantinha ao redor do seu corpinho. Uns instantes após Giancarlo chega e me cumprimenta, logo após dá um beijo na esposa. Ella e Giancarlo parecem tão felizes juntos, tão apaixonados que quase me fazem cobiçá-los; Mas como o amor realmente não é para mim, eu nem me atrevo a sonhar com nada disso...
L U I Z Mia ainda me encara, ela parece estar ainda mais bonita e mais radiante. Não sei é o feito da gravidez nela... Ela está mesmo mudada. O olhar dela passa de chocado para indiferente.Confesso que me machuca receber esse olhar dela.— O quê? Como assim? – Ela pergunta, antes de fechar os olhos brevemente.— Estás grávida e obviamente o filho é meu. Como puseste fazer isso? Estou muito indignado.— Como é que é? É muita ousadia tua, não achas? Primeiro fazes toda aquela palhaçada para me forçar a casar contigo, e agora isso. Estás maluco, fumas ou te drogas? Não é possível que te comportes assim. – Ela diz, posso sentir o desprezo dela a escorrer da voz.— Podemos conversar? – Peço. — Por favor. Uns dez minutos, se não for por ti, pelo nosso bebé.— Nosso?— Mia, por favor. Me dá uma chance, escuta a minha versão. Te imploro.Ela olha para mim, sei que deve estar numa luta interna. Pelo que conheço dela, sei bem que ela adoraria gritar um sonoro não. No entanto faço cara de cach
M I A Sorrio ao observar a imagem do meu bebé no monitor, embora não consiga distinguir muita coisa no ecrã. Consigo ver o que o Dr apontou e disse que era o eu bebé, que está a crescer muito bem.Escuto o som do coração do meu bebé, e não sei se no mundo existe coisa mais maravilhosa que esse som. Tão rico e poderoso, saber que o meu útero é o abrigo do meu anjinho me faz sentir muito importante e graciosa.Lágrimas escapam pelos meus olhos, tamanha é minha emoção por gerar o meu anjinho. Fruto do meu amor pelo pai dele, que apesar de tudo eu gostaria que ele estivesse aqui comigo na consulta.— Prontas para saber o sexo do bebé? Ou queres saber só no parto, Mia? – Dr Giovanni pergunta, alternando o olhar entre minha barriga imensa de seis meses. Sim, o meu bebé espertinho não queria que descobríssemos o seu sexo.— Claro que não, Dr. Só esses quatro meses foram uma tortura, pode dizer. Não sou tão corajosa quanto tu, Ella. – Comunico, minha amiga apenas sorri em resposta.— É uma m
M I ANão consigo conter o sorriso imenso que cresce nos meus lábios assim que recebo um presente de Ella. Desenrolo o laço por cima do presente, mal contendo-me de curiosidade, em seguida rasgo com delicadeza o embrulho em volta.Abro a caixinha e o que vejo faz meu coração se encher amores e meus olhos de lágrimas. Observo o par de sapatinhos vermelhos ao lado de um body branco, desdobro com muito cuidado, toco a maciez do tecido e deslizo os dedos pelas letras douradas.“Amor da madrinha" essas palavrinhas são capazes de me fazer sorrir largamente enquanto minhas lágrimas transbordam.— Se eu não for a madrinha desse bebé, então podes devolver o meu presente. – Ella brinca.— Claro que és. Quem mais seria? – Digo ao dobrar a peça com muito cuidado. — Esse é o primeiro presentinho do meu bebé. Obrigada, madrinha.Ela retribui o meu sorriso, passando a mão pela minha barriga com carinho.— Quando irás contar para Luiz? – Ella questiona, deixando-me um tanto surpresa. — Ele é o pai, e
M I A Encaro o meu reflexo no espelho, enquanto meus dedos seguem pela região do meu abdômen. Estou ainda de calcinha e sutiã, meu abdômen ainda está totalmente liso e não entrega nenhum indício que estou grávida.Isso tudo ainda parece muito louco e estranho. Ainda não dá para crer que em breve serei mãe, o meu sonho vai enfim se realizar. Um sorriso cresce nos meus lábios, embora eu esteja em uma situação difícil, não deixo de me sentir feliz.Meu coração se preenche de amor pelo pequeno ser que cresce em mim. Um pensamento sobre o pai dele inunda a minha mente, diante de tudo que aconteceu entre eu ele, como nossa relação foi baseada. Tudo por puro interesse da parte dele, tudo uma mentira muito bem elaborada, fora as palavras dele a negar veemente a ter um filho.Toco a barriga, lembrando de todas as vezes que ele repetiu que não queria ser pai, que se algum dia eu engravidasse ele não iria querer saber. Além do mais, com toda essa situação que vivi, ele casou comigo apenas para
Capítulo Quarenta e Três M I A — Fala sério que tudo isso aconteceu enquanto estavas lá? – Ella questiona e eu confirmo. — Jesus... Isso parece coisa de novela mexicana. Quanto drama! — Pois é. Foi o que aconteceu. E imaginas que lá todos sabiam disso, a única que estava no escuro era eu. Não imaginas o quão ridícula e palhaça senti-me lá. – Desabafo. — Que calculista ele, estou chocada! – Ella exclama, coloca ambas mãos em frente a boca para enfatizar o choque. — Sinto tanto por ti, minha amiga. Não merecias em nada uma situação como essa. Ela diz ao segurar na minha mão. Embora tenham passado duas semanas desde que estou em Veneza, ainda sinto uma dor imensurável no coração ao lembrar que tudo não passou de uma encenação. Todo aquele papo de mostrar as atrações turísticas italianas e aquela visita inusitada ao casino, simplesmente tudo era mentira. — Infelizmente isso aconteceu. – Suspiro. — Sabes uma coisa que essa situação toda me mostrou? Não preciso de um homem para ser fe
M I ADesembarco em Veneza algumas horas depois. Arrasto as minha malas para fora do aeroporto, quase comemoro por conseguir mantê-las em equilíbrio enquanto aspiro o ar italiano, sinto-me um tanto aliviada por estar de volta.Chamo por um táxi via online mesmo, uma vez que aqui não existe nenhum disponível. Uns instantes após um estaciona em minha frente, deixando-me surpresa com a rapidez.— Boa tarde, senhora. – O homem cumprimenta.— Boa tarde... Tudo bem? – Sorrio. — Poderia por favor me levar até Dorsoduro?— Claro que sim. Deixe-me lhe ajudar.O motorista recolhe minhas malas e guarda no respectivo lugar, enquanto eu ocupo o banco dos passageiros atrás e logo em seguida ele ocupa o seu banco na frente. Daqui para minha casa não é tanto tempo assim, talvez uns trinta minutos apenas. Me distrair com algumas coisas nas redes sociais.— Voltando de uma viagem, não é? – O motorista pergunta após algum tempo, consigo ouvi-lo porque a música está baixa.— Sim, sim. – Respondo, sem des
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