— Juliana, ficar aqui esperando vai mudar o quê? Quer que o tio Bruno sinta pena de você? Para de sonhar acordada.
As palavras cortaram o ar como lâmina. Mesmo que não fosse sua intenção, Gustavo soou cruel.
Desviou o olhar logo em seguida, desconfortável, com o rosto tenso e os ombros rígidos.
Joana respirou fundo, contendo o impulso de dar um tapa no filho, e voltou a tentar convencer a jovem com delicadeza:
— Ju, escuta… Vai cuidar desses machucados, tá? Eu fico aqui, juro que te aviso se acontecer qualquer coisa. Prometo.
Juliana encarou a luz vermelha da placa “Cirurgia em andamento” por alguns segundos. Respirou fundo.
— Tá bom.
Ela virou-se devagar e começou a caminhar pelo corredor, os passos mancando, arrastados.
Quando já estava quase na metade do caminho, Gustavo veio atrás.
Talvez por já conhecer a língua afiada da moça, resolveu se adiantar:
— Foi minha mãe que me obrigou a vir atrás de você. Não se acha.
De novo… Não era isso que ele queria dizer. Mas era o que saía.
Ju