O envelope com as imagens do ultrassom repousava sobre o colo de Nina. Três perfis em tons dourados de sepia. Três batimentos que agora tinham nome, forma, ritmo.
Ela encarava o visor do celular como se fosse um espelho.
Alex, sentado ao seu lado no sofá da sala, observava em silêncio. Tinha aprendido, nos últimos dias, que havia batalhas que ele não podia travar por ela. Essa era uma delas.
— Tem certeza? — ele perguntou em voz baixa.
Nina assentiu, sem tirar os olhos da tela.
— Tem gente que diz que toda mãe sente, sabe? Que, mesmo a mil quilômetros de distância, mãe sente quando algo acontece. — Ela respirou fundo. — Eu acho que a minha sentiu. E por isso, vai doer ainda mais saber que eu não contei antes.
— Você não estava pronta — ele disse, tocando a mão dela. — Agora está.
Ela destravou o telefone, foi até o contato salvo como Mãe e um emoji de coração, e apertou o botão de chamada.
O telefone chamou três vezes antes de ser atendido.
— Filha? — a voz do outro lado soou ansiosa,