A luz era suave, filtrada por cortinas bege e dançava vagamente pelo teto. Nina piscou, lentamente, como quem acorda de um sonho profundo e estranho. Um zumbido baixo preenchia seus ouvidos, e tudo parecia… suspenso. Fora do tempo.
Piscou de novo.
O mundo voltou, um pouco mais nítido. E a primeira coisa que viu foi ele.
Alex.
Sentado ao seu lado, a cabeça abaixada, segurando sua mão com ambas as mãos dele como se a vida dependesse daquilo. Os cabelos um pouco mais longos, desalinhados, a barba por fazer. O rosto abatido, as olheiras fundas denunciando noites em claro. Os ombros largos, mas curvados — como se carregassem o peso do mundo.
Nina sentiu o coração acelerar.
Memórias vieram em enxurrada:
A briga.
O grito.
A saída abrupta do apartamento.
O gosto metálico na boca.
O chão girando.
E então… escuridão.
Mas também lembranças vagas, difusas: vozes sussurradas, mãos em sua pele, palavras de amor ditas em tom baixo. Risos perdidos. Luzes que dançavam atrás das pálpebras. Fragmentos d