31. A sentença silenciosa
As sirenes da polícia eram o prenúncio de um novo tipo de inferno. O cheiro de pólvora e sangue na Doca 7 misturava-se ao sabor metálico do beijo roubado, um beijo que selara o destino de Leonardo e Sabrina de uma forma que ambos apenas começavam a compreender. Tulio, com a frieza de um cirurgião em meio a uma carnificina, assumiu o comando. "Leonardo, pegue a garota. Saída pelos túneis de serviço do armazém 3. Conhece o caminho. Rápido," ele ordenou, a voz desprovida de qualquer julgamento sobre o que acabara de testemunhar, mas com uma urgência que não admitia réplica. "Meus homens criarão uma distração e limparão o que puderem. Encontre-me no ponto de extração secundário em uma hora. E reze para que o Don não decida esfolar nós dois vivos."
Leonardo não precisou de mais incentivo. Puxou Sabrina, ainda atordoada, para a escuridão dos túneis fétidos, um labirinto sob o ancoradouro que ele conhecia de missões anteriores. A fuga foi um borrão de corredores úmidos, o som de seus passos