O tribunal estava lotado, embora o processo corresse em sigilo parcial. Repórteres faziam plantão do lado de fora, tentando captar qualquer imagem, qualquer reação. O caso havia ganhado a atenção da mídia local: "Mulher invade casamento do ex e atira na noiva em surto emocional". A narrativa era sensacional, trágica, vendável.
Mas por trás da manchete, havia dor real.
Angie entrou com passos firmes, mesmo usando uma bengala leve por recomendação médica. O ferimento no abdômen cicatrizava, mas não tão rápido quanto ela queria. Ainda assim, a força com que ela sustentava o olhar ao cruzar a sala deixava claro: não havia mais medo.
Robert estava ao seu lado, de terno, discreto, tenso. Ele a ajudou a se sentar na fileira reservada às vítimas e familiares. O pai de Angie estava ali também, imponente, olhando para a porta por onde Júlia entraria.
Quando ela surgiu, algemada, magra, abatida, cabelos presos num coque descuidado... a sala silenciou. Ela caminhava curvada, como quem não queria