Cinco anos haviam passado desde aquele dia no jardim. O dia em que eles disseram "sim" pela segunda vez — e dessa vez, para o mundo todo ver.
Desde então, a vida seguiu. Não com perfeição. Mas com presença.
A casa em que moravam ficava nos arredores de uma pequena cidade cercada por árvores e trilhas. Era grande o suficiente para os filhos correrem, pequena o bastante para que se ouvissem de um cômodo ao outro. O chão de madeira rangia em certos pontos, e a varanda da frente já precisava de tinta nova, mas nada disso importava. A casa era viva.
Luna, com cinco anos, era um furacão em forma de gente. Falava pelos cotovelos, fazia perguntas difíceis, desenhava universos inteiros em folhas de sulfite espalhadas pela sala. João, com três, era um explorador incansável. Mexia em tudo, escalava armários, adorava molhar o chão do banheiro “pra ver como a água escapa pelos cantos”.
Naquela manhã de sábado, Angie acordou com o sol tocando de leve sua bochecha. Estava deitada de lado, encolhida,