A sala está escura, só iluminada pelas cores vibrantes do filme passando na TV. Rigel está aninhado no meu colo, com a cabeça encostada no meu peito, os olhos já fechados, a respiração leve.
Jade está ao meu lado, com os pés encolhidos no sofá, abraçando uma almofada com um sorriso calmo no rosto. Dona Helena se levanta devagar, ajeitando a manta sobre os ombros.
— Eu vou subir. Já tá tarde. — diz baixinho, e se despede com um olhar cúmplice pra mim antes de sair da sala.
Agora somos só nós dois. E o silêncio.
Passo a mão devagar nos cabelos de Rigel. Sinto o peito apertar. Cada vez que ele se aconchega em mim, cada vez que me chama de “tio” com aquele brilho no olhar… dói. Porque eu sei que ele merece a verdade.
— Jade — começo, minha voz baixa, mas firme — acho que está na hora de contar pra ele.
Ela se vira um pouco, o corpo tenso de imediato. Dá pra ver que já esperava isso.
— Ainda é cedo. — responde, sem me olhar.
— Cedo? — insisto. — Ele me chama de tio com tanto carinho… e v