Acordo com o cheiro de café fresco no ar e o som abafado de vozes vindo lá de baixo. Por um segundo, fico ali, deitada, tentando entender se sonhei com tudo da noite passada ou se aquilo realmente aconteceu.
A voz dele me puxa de volta pra realidade. Me levanto devagar, ainda de pijama, e sigo em silêncio pelo corredor, descendo as escadas pé ante pé.
Ouço Samuel falando baixo, mas com firmeza. Está no telefone, na cozinha. A porta está semiaberta e ele não percebe minha presença.
— …não, tenente, não foi coincidência — ele diz, a voz carregada de certeza. — A Jade não viu o rosto dele, mas ficou nítido que ele estava ali por ela. Passadas largas, esperando o estacionamento esvaziar... aquilo foi planejado.
Meu coração aperta.
Me aproximo um pouco mais, ficando perto o suficiente para escutar sem ser vista.
— Não, não consegui identificar. — Ele faz uma pausa. — Tenho quase certeza de que isso tem ligação com o Portulla.
Engulo em seco.
— Se for ele mesmo mandando gente de fora agi