Desde aquela conversa, tudo muda. Batista e Diego passam a sair da cela com mais frequência. Voltam sempre calados, trocando olhares cúmplices. Eu não pergunto muito. É difícil, mas eu entendo: quanto menos eu souber agora, melhor. Qualquer deslize meu pode colocar tudo a perder.
Mas observo. Observo tudo. Os olhares que trocam com alguns detentos, as conversas rápidas no pátio, os sussurros durante as refeições. Tem algo grande acontecendo.
Numa dessas noites, enquanto todos dormem, Diego me cutuca discretamente.
— Samuel — sussurra — é muito provável que o Henrique esteja sendo pago por mais de um lado nessa história. Oficialmente te defende, mas na prática está controlando o que você sabe. Controlando o que a Jade sabe.
Meu peito aperta.
— E a Jade? Ela… ela sabe de alguma coisa disso?
— Não sabemos ainda. Mas é possível que ela também esteja sendo manipulada. Ou ameaçada. Ou as duas coisas.
Meu sangue ferve só de imaginar. Diego percebe meu estado e fala com a calma de quem já pen