O silêncio pesa assim que o juiz anuncia o intervalo antes da sentença. Os oficiais me conduzem de volta ao assento reservado aos réus, mas não me algemam. Não há para onde correr. E nem se houvesse, eu ficaria.
Permaneço sentado, quieto.
Mas meus olhos não conseguem evitar. Procuram por ela.
Está sentada entre minha mãe e Ayla. O cabelo caído sobre os ombros, a expressão fechada, tentando esconder a dor, mas eu a conheço demais. Eu sei ler nos olhos dela tudo aquilo que ela não diz. Medo. Raiva. Confusão. Saudade.
Ela me olha de volta.
Não como antes. Não com doçura, nem paixão. Mas também não com ódio. O olhar dela é uma guerra silenciosa. Um campo de batalha entre o que sente e o qu
Talvez seja a última vez que a vejo em muitos anos, e mesmo assim… eu sou grato por tê-la visto de novo.
Penso em tudo. Nos erros. Nos dias naquela casa. Nas palavras não ditas. No beijo na chuva. No momento em que a empurrei para dentro do carro e disse que a amava. Aquela foi minha liberdade, meu ca