Desço os degraus com o coração acelerado, sentindo cada olhar invisível da casa pesar sobre mim. O vestido amarelo balança com leveza ao redor das minhas coxas, e por um segundo penso se estou exagerando. É curto, colado no corpo e mais ousado do que estou acostumada a usar — pelo menos aqui dentro.
Abro a porta de vidro que dá para a área da piscina, e ele está lá. Encostado de leve na mureta, camisa social branca com as mangas dobradas até os cotovelos, calça escura impecavelmente alinhada. Os cabelos ainda estão um pouco úmidos, penteados para trás. Está bonito. Lindo, na verdade. Mas o que realmente me desmonta é o modo como ele me olha.
Samuel me vê antes que eu diga qualquer coisa. E congela.
O copo de whisky que ele segura em uma das mãos fica imóvel. O olhar percorre meu corpo como se não acreditasse no que está vendo. Pela primeira vez, vejo seus olhos perderem o controle. Há algo entre surpresa, desejo e até um toque de admiração. Como se eu fosse um quadro que ele não espe