Passam-se dois dias. O calor não dá trégua, e a casa parece respirar um silêncio denso, como se todos estivessem esperando alguma coisa acontecer. Samuel melhorou um pouco — a febre cedeu, o olhar voltou a ficar firme, mas os movimentos ainda são lentos, pesados. Ele insiste que está bem, mas mal consegue tirar a camisa sozinho.
Chuck sumiu desde a manhã anterior. Dona Helena passou por aqui mais cedo, mas não entrou. Deixou comida na mesa e saiu apressada, sem trocar olhares.
Estou no meu quarto quando ouço a voz dele, baixa:
— Jade...
Vou até o quarto. Samuel está sentado na beira da cama, suando, a testa colada na palma da mão. O braço ainda enfaixado. Ele respira fundo, como se reunir forças pra dizer algo simples fosse uma batalha.
— Eu... acho que consigo levantar. Preciso de um banho. Só que... — Ele olha pro próprio corpo com frustração. — Não consigo fazer isso sozinho ainda.
Fico parada na porta por um segundo. A tensão me atravessa, não dele, mas minha. De estar ali, de ouv