Entramos no quarto devagar, o silêncio agora confortável entre nós. Dona Helena já tinha deixado a bandeja com a comida sobre a mesinha ao lado da cama, e Samuel se ajeita no travesseiro, ainda frágil, mas com o semblante mais tranquilo.
— Posso ajudar? — pergunto, sentando ao lado dele no colchão.
Ele faz um sinal com a cabeça, e pego a colher com cuidado, olhando para o prato simples: arroz, feijão, um pedaço de frango desfiado. Não é um banquete, mas naquele momento, parecia o melhor do mundo.
— Abre a boca — digo, um pouco hesitante.
Samuel obedece, os olhos fixos nos meus. Sinto o calor do olhar dele, um misto de gratidão e algo que eu não consigo nomear.
Dou a colher devagar, e ele fecha os lábios ao redor da comida, um leve suspiro de alívio escapando.
— Está bom? — pergunto, com um sorriso meio tímido.
Ele assente, sem desviar o olhar.
Com o braço enfaixado, ele não pode ajudar, e eu continuo alimentando devagar, tentando não deixar o momento pesado demais, mas não consigo evi