Acordo com a garganta seca e o corpo dolorido. Não sei quanto tempo dormi, mas foi o suficiente para minha cabeça latejar. Acordo com um som abafado vindo do andar de baixo, vozes graves, urgentes, cortando o silêncio da casa.
Me sento na cama e prendo a respiração. São homens falando. Dois. Reconheço uma das vozes: Chuck. A outra demora um pouco mais para identificar, mas quando escuto um “esse filho da puta vai pagar” com sotaque arrastado, sei que é o Chapoca.
Pulo da cama, calço o chinelo e me aproximo da porta devagar. Abro só o suficiente para sair e começo a descer as escadas em silêncio, contornando o corrimão como se fosse parte da casa.
As vozes vêm da cozinha. A porta está semiaberta, e me aproximo o bastante para ouvir sem ser vista.
— “Isso não foi um ataque qualquer, Chapoca. Eles sabiam demais.” — diz Chuck, com raiva contida.
— “Eu te falei que tinha alguma coisa errada na movimentação do João Padeiro. Ele sumiu do nada, e antes disso andava perguntando demais.”
— “Tu