156 - Wick

Ouço o barulho do portão fechando e rapidamente me jogo de volta no sofá, tentando parecer o mais natural possível.

Cruzo as pernas, apoio o braço no encosto e ajeito o rosto, tentando esconder o sorriso idiota que insiste em aparecer.

A porta da frente se abre devagar.

Ayla entra primeiro, o cabelo um pouco bagunçado, o casaco meio torto. Murilo vem logo atrás, ajeitando a gola da camisa e tentando parecer compenetrado — uma missão que ele definitivamente falha.

— Oi — ela diz, com a voz um pouco alta demais, forçada. — A gente… demorou porque o portão emperrou.

— É — Murilo complementa, sem olhar direito pra mim. — Ferrugem. Acho que precisa de óleo.

Eu ergo uma sobrancelha, fingindo me interessar de verdade.

— Ferrugem? — pergunto, inocente. — Que situação mais… específica.

Ayla finge procurar algo na bolsa.

Murilo se joga no sofá em frente ao meu, tenta parecer relaxado — mas o sorriso dele tá torto, nervoso.

— E aí, cara — ele fala, forçando uma naturalidade que simplesment
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