Ouço o barulho do portão fechando e rapidamente me jogo de volta no sofá, tentando parecer o mais natural possível.
Cruzo as pernas, apoio o braço no encosto e ajeito o rosto, tentando esconder o sorriso idiota que insiste em aparecer.
A porta da frente se abre devagar.
Ayla entra primeiro, o cabelo um pouco bagunçado, o casaco meio torto. Murilo vem logo atrás, ajeitando a gola da camisa e tentando parecer compenetrado — uma missão que ele definitivamente falha.
— Oi — ela diz, com a voz um pouco alta demais, forçada. — A gente… demorou porque o portão emperrou.
— É — Murilo complementa, sem olhar direito pra mim. — Ferrugem. Acho que precisa de óleo.
Eu ergo uma sobrancelha, fingindo me interessar de verdade.
— Ferrugem? — pergunto, inocente. — Que situação mais… específica.
Ayla finge procurar algo na bolsa.
Murilo se joga no sofá em frente ao meu, tenta parecer relaxado — mas o sorriso dele tá torto, nervoso.
— E aí, cara — ele fala, forçando uma naturalidade que simplesment