Fico ali, parado na frente da porta por mais tempo do que devia.
A chave ainda está na minha mão. O trinco já girou. Ela está trancada. Segura. Longe.
Mas eu não tô.
Me afasto devagar, passando a mão pelo rosto, sentindo o curativo que ela mesma colocou. A ironia me sufoca.
O que eu fiz?
Empurrei ela de volta pra prisão. De novo.
Mas é isso que tem que ser. É o certo. Ou, pelo menos, é o que eu digo pra mim mesmo toda vez que a vontade de ficar do outro lado da porta aperta o peito.
Se eu deixo ela chegar perto, ela se machuca.
Se eu deixo ela ficar, eu não consigo mais ser o que preciso ser.
Jade não pode ser o motivo do meu erro.
Ela confunde tudo. A forma como me olha, como me confronta, como insiste em ver algo bom em mim mesmo quando eu faço de tudo pra apagar. Ela me desmonta. E se ela descobrir o que realmente sinto...
Não vai ter volta.
Então eu escolho o silêncio. A frieza. A porta trancada.
Mesmo que cada uma dessas escolhas me corroa por dentro.
Mas pelo menos, trancada,