Estou aqui, ainda ajoelhada em frente a ele, com o curativo recém colocado, e não consigo parar de pensar naquela frase.
"Não depois do que eu senti."
Ela ficou presa na minha cabeça desde que ele disse. E agora que o silêncio se alonga, latejando entre nós como a ferida no rosto dele, eu não aguento mais segurar.
— O que você quis dizer com "não depois do que eu senti"?
Ele não responde de imediato. Só desvia os olhos, tenso. Dá pra ver que não esperava que eu tocasse nesse ponto. Mas eu vi o jeito que ele disse. A pausa depois da frase. Como se tivesse deixado escapar mais do que devia.
— Não foi nada — ele diz, por fim, rápido demais. Raso demais.
— Você disse aquilo como se... como se sentisse algo além da raiva. Alguma coisa que não devia sentir...
Ele me encara por um segundo. E então muda. O olhar, a postura, até a respiração dele. Tudo fica mais fechado, mais duro.
— Jade, por favor... não viaja — diz ele, seco. O tom me pega de surpresa. É defensivo, quase impaciente.
— Eu só